voz.amazonica@yahoo.com

viernes, 8 de junio de 2012

A Palavra de Deus é vida, se faz vida e dá vida na Amazônia

Por: Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ *


Tema: Amazônia: importância, desafios e missão
Lema: A Pan- Amazônia geme em dores de parto (cf. Rm 8,22).



Introdução:

Minha participação neste painel traz as marcas de nossa Assembleia da CRB de Belém.
    Temos a imagem da Pietá, mas da Pietá Amazônica. Em seus braços está o filho, que não está morto, está sim em profunda dor, agonizando.
    Como o Filho, a  Amazônia  está agonizando, gemendo de dor! Ela também ainda não está  morta, está em agonia, gemendo de dor, uma dor gerada pelas moto-serras, pela derrubada das árvores, pelas queimadas.
        Contemplemos:
 - Os rios: Um rio está limpo, fluindo bem; outro está bloqueado pelas árvores jogadas nele.
  - As árvores: a idade significativa das árvores,  expressa nos anéis (vejam os anéis!) .
  - O corpo do filho, bem conectado com as árvores cortadas...sobre ele perpassam  raios de luz, o Espírito que sustenta a vida.
 - A mulher, a mãe natureza, é a Mãe da Palavra que geme em dores de parto, mas que  está resistindo a tudo que a machuca e  mata.
      Porém:
- perante toda degradação da criação,  ainda resta o verde, a água...
- pode nascer algo bom na dor: a plantinha que esta nascendo no tronco da árvore e do manto da mulher
- O espírito, a esperança, a resistência fará com que os gemidos das dores de parto resultarão em mais vida na Amazônia.
    A contemplação desta obra nos dá o enfoque bíblico ao Tema: Amazônia: importância, desafios e missão e ao Lema: A Pan- Amazônia geme em dores de parto (cf. Rm 8,22).

1                   Experiências de vivências e serviços à Palavra
a)                 Narrado por um pescador que participa das escolas bíblicas em Santarém, PA, às quais presto assessoria: Uma comunidade, sentindo que a pesca já se tornava mais difícil, à luz da Palavra de Deus, se perguntava se o modo como estavam trabalhando e vivendo era sustentável, se era o melhor para a preservação daqueles bens que Deus lhes tinha concedido: rios, lagos, igapós, peixes e outros animais.... Então, depois de várias reuniões e de reflexão sobre a realidade do lugar, à  luz da Palavra de Deus encontraram uma alternativa: Vamos deixar o lago do Socoró descansar por um tempo!  Enquanto o lago descansa, pescaremos no rio e em outros lugares da nossa comunidade. Montaram uma vigilância de dia e de noite para que nenhuma pessoa invadisse aquele lugar. Passados três anos e o tempo da desova daquele ano, as famílias fizeram uma primeira pesca, tendo como critério soltar todos os peixes com menos de dois quilos e meio. No primeiro dia as 30 famílias pescaram 5 toneladas de peixe.  Ao final de 10 dias pescaram 50 toneladas somente naquele lago!
b)                 Num curso bíblico para lideranças, em Santarém, relendo Gênesis, capítulos 02 e 03, a narrativa da criação e do pecado, os participantes atualizaram os textos dizendo que Deus criou o paraíso chamado Amazônia, pôs nele os homens e as mulheres que também andavam nus e passeavam com Deus nas florestas à brisa da tarde. Aos poucos foram chegando serpentes que seduziram as pessoas e fizeram com que fossem expulsas do paraíso. Estas serpentes são a Cargil, o Latifúndio, o Agronegócio, as Mineradoras.
Assim a Palavra de Deus está presente em nossa AMAZÔNIA que geme em dores de parto.   
2.      A Natureza como lugar do encontro com Deus
        A criação é o primeiro livro que Deus escreveu e, aqui no bioma Amazônico, este livro fala por si mesmo.  Basta olhar o céu, as águas, as plantas, os animais, os minerais, as pessoas. No documento de Aparecida, encontramos a afirmação: “A Bíblia mostra reiteradamente que, quando Deus criou o mundo com sua palavra e com o alento de sua boca, expressou satisfação dizendo: “que era bom” (Gn 1,21), e quando criou o ser humano, homem e mulher, disse que “era muito bom” (Gn 1,31). Certamente quando criou a Amazônia, esta reserva especial de vida, ficou muito satisfeito e viu que havia construído a sua principal morada.
      Na cultura amazônica, o território é o espaço da vida, é casa, é berço, é útero gerador, é também morada final. Águas, terras, árvores, pássaros e animais fazem parte de uma realidade sagrada.  São sinais da presença do Criador e de sua ação amorosa com a qual estamos em permanente contato e convivência. 
      O ser humano participa desse mistério de vida. Recebe vida de cada elemento e com cada elemento compartilha a vida. Essa visão holística é fundamental para que possamos viver o mistério da vida e viver em harmonia neste chão. Sem essa visão sagrada vão prevalecer os projetos da exploração dos recursos naturais e humanos, em vista do lucro de alguns, numa agressão blasfema ao Meio Ambiente.
      Outro elemento importante diz respeito às relações de reciprocidade, não de submissão, de participação, não de domínio. Esse modo de encarar a natureza faz assumir a terra como relação de convivência, de trabalho, de sobrevivência e não de propriedade onde se crê poder fazer o que se quer, como um direito inquestionável  de posse. A terra não pode ser prostituída de acordo com os interesses de produção, de comercialização, de lucro. Se perdermos esse equilíbrio e esse horizonte, como fica a criação como dom de Deus e como fica a vida dos pobres?

3.      A Palavra de DEUS é criadora
    O relato de Gn 1 é um testemunho da força criadora da Palavra. A criação leva a marca do Criador e deseja ser libertada e “participar na gloriosa liberdade dos filhos de Deus (Rm 8,21) (DAp 27). “A vossa Palavra poderosa criou tudo” (Sab 9,1). Essa Palavra, na plenitude dos tempos, veio habitar entre nós, é uma pessoa pobre, missionária, que entregou sua vida por amor.
     Como discípulos e discípulas de Jesus, sentimo-nos convidados/as a dar graças pelo dom da criação, reflexo da sabedoria e da beleza do Logos criador. No desígnio maravilhoso de Deus, o homem e a mulher são convocados a viver em comunhão com Ele, em comunhão entre si e com toda a criação. O Deus da vida encomendou ao ser humano sua obra criadora para que “a cultivasse e a guardasse (Gn 2,15).
     Jesus conhecia bem a preocupação do Pai pelas criaturas que ele alimenta (cf. Lc 12,24) e embeleza (cf. Lc 12,27). E, enquanto andava pelos caminhos de sua terra, não só se detinha para contemplar a beleza da natureza, mas também convidava seus discípulos e discípulas  a reconhecerem a mensagem escondida nas coisas (cf. Lc 12,24-27; Jo 4,35). As criaturas do Pai dão glórias a Deus “com sua existência” e por isso o ser humano deve fazer uso da  criação com cuidado e delicadeza (DAp 470).

4 - Ameaças à Criação
    A criação tão bela e tão cheia de significado, nossa Amazônia, tão exuberante e fascinante, sofre ameaças que vão crescendo à medida em que avança a expansão da conquista por novas terras e novos Projetos. São ações humanas que desumanizam e destroem a criação. E agora o que vemos? A Pan- Amazônia geme em dores de parto
Vamos ler o texto inspirador de nosso lema (Rm 8,18-27):
Penso, com efeito, que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós. Pois a criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de Deus. De fato a criação foi submetida à vaidade – não por seu querer, mas por vontade daquele que a submeteu – na esperança de ela também ser libertada da escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus. Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente. E não somente ela. Mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, suspirando pela redenção do nosso corpo. Pois nossa salvação é objeto de esperança; e ver o que se espera não é esperar. Acaso alguém espera o que? E se esperamos o que não vemos, é na esperança que aguardamos. Assim também o Espírito socorre nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis, e aquele que perscruta os corações sabe qual é o desejo do Espírito; pois, é segundo Deus que ele intercede pelos santos”
      Paulo parece que não escuta mais o refrão e “tudo era bom!” Escuta a criação gemer, escuta o gemido da humanidade. Gemidos provocados pela estrutura de pecado de então, certamente muito conhecida na realidade romana de seu tempo.  Os gemidos vêm da dor causada pelas opções que se fazem, pela apropriação indébita da obra saída das mãos do criador, pela ação humana no âmbito da criação: o ser humano, em sua liberdade, em sua ganância desmedida, escolheu o caminho da escravidão, da destruição, da morte.  As forças de morte colocaram a humanidade e a natureza sob a escravidão.
      A partir desta idéia, Paulo olha o mundo, e o que vê? Vê a natureza gemendo, ansiando pela libertação, que somente lhe virá a partir da libertação de cada ser humano. Escuta também o gemido de uma humanidade que quer se libertar, mas não sabe como. Em socorro vem o Espírito gemendo e fazendo seu o gemido do universo e da humanidade. Há uma comunhão, uma solidariedade nestes gemidos.  São gritos de dores de parto, com esperança de vida. Estes gritos são animados pelo Espírito que os fará capazes de gerar a nova criação.
      Contemplemos mais uma vez a imagem de nosso banner. O filho agoniza, e está no ventre da mulher. Quer gerar a nova criação. O Espírito vem em socorro, expresso nos raios de luzes que transpassam o corpo do filho e da criação destruída.
      Deixemo-nos levar pelo Espírito que une seu gemido ao nosso. Deixemo-nos conduzir pelo Espírito, que faz seu o nosso gemido e o da natureza. Vamos permitir que o mesmo Espírito nos leve ao encontro das pessoas, cristãs e não cristãs, que já estão, há anos, gemendo e buscando a vida plena. Deixemos que o Espírito faça penetrar em nós o gemido da natureza que anseia por libertação. Assim, o universo libertado, será a oikos, casa comum de todos os seres vivos no meio da qual a Divindade armou sua tenda.

5.      Caminhos que nascem da Palavra acolhida e vivenciada
      A Palavra Sagrada nos convida a continuar trabalhando com empenho a fim de que sejamos testemunhas daquele que derramou o seu sangue para a libertação do mundo.  Fazendo a experiência do encontro com Jesus, Verbo Encarnado e Ressuscitado, vamos contribuir para uma nova visão da vida na Amazônia que implica um novo (ou o mais antigo) modo de ver e conceber o território e o ambiente, a natureza, as relações, a propriedade, a produção.
       Junto com os povos originários da Amazônia, louvamos ao Senhor que criou o universo como espaço para a vida e a convivência de todos seus filhos e filhas e deixou como sinal de sua bondade e de sua beleza. A criação é manifestação do amor providente de Deus. Foi-nos entregue para que cuidemos dela e a transformemos em fonte de vida digna para todos. Ainda que hoje haja já uma maior sensibilidade para com a natureza, percebemos claramente o quanto a criatura humana ameaça e destrói seu ‘habitat’. “A nossa irmã e mãe terra” é nossa casa comum e é lugar da aliança de Deus com os seres humanos e com toda a criação. Descuidar das inter-relações, da conexão e do equilíbrio que o próprio Deus estabeleceu entre as realidades criadas é uma ofensa ao Criador, um atentado contra a biodiversidade e, definitivamente, contra a vida. O discípulo e missionário, a quem Deus encarregou de cuidar da criação, deve contemplá-la, cuidar dela e utilizá-la, respeitando sempre a ordem dada pelo Criador (DAp 125).
Concluindo, a partir do doc. de Aparecida e de experiências, podemos  indicar alguns caminhos:
a)                 Acolher e vivenciar a Palavra de Deus de tal modo que o Mistério da Encarnação e da Páscoa de Jesus Cristo sejam força que dêem sentido à nossa vida e à missão que dele recebemos, para viver o seu seguimento aqui na Amazônia.
b)                 Ajudar nossos povos e comunidades a descobrirem e preservarem o dom da criação, sabendo contemplá-la e cuidar dela como casa de todos os seres vivos e matriz da vida do planeta, exercitando responsavelmente o senhorio humano sobre a terra e sobre os recursos, privilegiando um estilo de vida de sobriedade e austeridade solidárias.
c)                  Intensificar e aprofundar a presença religiosa pastoral nas populações mais frágeis e ameaçadas pelo desenvolvimento predatório e apoiá-las em seus esforços para conseguir uma eqüitativa distribuição da terra, da água e dos espaços urbanos.
d)                 Procurar um modelo de desenvolvimento alternativo integral e solidário, baseado em uma ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, fundada no evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens, superando a lógica utilitarista e individualista, sem critérios éticos.
e)                 Empenhar nossos esforços na promulgação de políticas públicas e participações cidadãs que garantam a proteção, conservação e restauração da natureza.
f)                    Alertar quem mora na Amazônia, a partir do lugar onde residimos e trabalhamos, para a nossa parcela de responsabilidade na defesa da Amazônia com seus povos e sua bio-diversidade. Não podemos nos esquecer da grande responsabilidade do governo brasileiro perante os países da grande bacia amazônica e os países do mundo.
A Pan Amazônia geme....
- .... o ruído ensurdecedor das moto-serras... das serrarias
- ... as lágrimas vertidas em cada árvore que tomba
- ..... o ruído leve e rasgante do terçado
- ....o forte rugido dos motores das geleiras, das balsas, dos caminhões
- ... o inaudível gemido dos rios
- ... o burburinho constante e crescente dos centros urbanos
- .... o gemido da... onça que não ouvimos mais
- .... o silencioso sussurro dos pássaros
- .... os peixes que quase não mais singram pelas águas
- .... a contaminação do perfume das flores
- .... o grito ensurdecedor das mineradoras e das barragens
- .... o choro das mães e o lamento dos pais
-.... a raiva surda e silenciosa do agricultor... do operário...da doméstica
-..... o silêncio da flauta do indígena
A Pan Amazônia geme...

* Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ. Reflexão Bíblica aprentada no I Seminario de Amazônia organizado pela CLAR - Manaus, 8 de outubro de 2011

martes, 24 de abril de 2012

AMAZONÍA EN EL DOCUMENTO DE APARECIDA

Por: P. Antonio Bonanomi, imc - Centro de Misión y Culturas (Bogotá)


El cuidado de la creación es una acción imperante; la vida del planeta corre peligro y la Iglesia tiene en sus manos la reeducación de sus fieles acerca de la responsabilidad de preservar el medio ambiente: La Amazonía por todos las implicaciones en el equilibrio de la vida del planeta, es una prioridad en el trabajo misionero. Así lo consigna el amplio documento salido de la V Asamblea General de los Obispos de América Latina y el Caribe, en Aparecida-Brasil.


ANÁLISIS DE LA REALIDAD DE LA AMAZONÍA:

En el documento de Aparecida empieza la reflexión sobre este tema, anotando que:"América Latina es el Continente que posee una de las mayores biodiversidades del planeta y una rica socio-diversidad, representada por sus pueblos y culturas. Éstos poseen un gran acervo de conocimientos tradicionales sobre el valor medicinal sobre la utilización sostenible de los recursos naturales, así como sobre la utilización sostenible de los recursos naturales, así como sobre el valor medicinal de plantas y de otros organismos vivos, muchos de los cuales forman la base de su economía" (n.83).

Pero inmediatamente después anota que: "Tales conocimientos son actualmente objeto de apropiación intelectual ilícita, siendo patentados por industrias farmacéuticas, generando vulnerabilidad de los agricultores y sus familias que dependen de estos recursos para su supervivencia" (n.83).

Y añade: "En las decisiones sobre las riquezas de la biodiversidad y de la naturaleza, las poblaciones tradicionales han sido prácticamente excluidas. La naturaleza ha sido y continúa siendo agredida. La tierra fue depredada. Las aguas están siendo tratadas como si fueran una mercancía negociable por las empresas, además de haber sido transformadas en un bien disputado por las grandes potencias. Un ejemplo muy importante en esta situación es la Amazonía". (n.84)

Recuerda que "en su discurso a los jóvenes, en el Estadio de Pacaembú, en San Pablo, el Papa Benedicto XVI llamó la atención sobre la "devastación ambiental de la Amazonía y las amenazas a la dignidad humana de sus pueblos"(n.85)

Finalmente observa que: "La creciente agresión al medio-ambiente puede servir de pretexto para p!"opuestas de internacionalización de la Amazonía, que sólo sirven a los intereses económicos de las corporaciones transnacionales. La sociedad panamazónica es pluriétnica, pluricultural y plurirreligiosa. En ella se está intensificando, cada vez más, la disputa para la ocupación del territorio.

Las poblaciones tradicionales de la región quieren que sus territorios sean reconocidos y legalizados" (n.86).

En su análisis de la realidad de América Latina y del Caribe, y especialmente de la Amazonía, el documento escribe: "La riqueza natural de América Latina y del Caribe experimenta hoy una explotación irracional que va dejando una estela de dilapidación, e incluso de muerte, por toda nuestra región. En todo este proceso, tiene una enorme responsabilidad el actual modelo económico, que privilegia el desmedido afán por la riqueza, por encima de la vida de las personas y los pueblos y del respeto racional de la naturaleza.

La devastación de nuestros bosques y de la biodiversidad, mediante una actitud depredadora y egoísta, involucra la responsabilidad moral de quienes la promueven, porque pone en peligro la vida de millones de personas y en especial el hábitat de los campesinos e indígenas, quienes son expulsados hacia las tierras de ladera y a las grandes ciudades para vivir hacinados en los cinturones de miseria.

Nuestra región tiene necesidad de progresar en su desarrollo agroindustrial para valorar las riquezas de sus tierras y sus capacidades humanas al servicio del bien común, pero no podemos dejar de mencionar los problemas que causa una industrialización salvaje y descontrolada de nuestras ciudades y del campo, que va contaminando el ambiente con toda clase de desechos orgánicos y químicos.

Lo mismo hay que alertar respecto a las industrias extractivas de recursos que, cuando no proceden a controlar y contrarrestar sus efectos dañinos sobre el ambiente circundante, producen la eliminación de bosques, la contaminación del agua, y convierten las zonas explotadas en inmensos desiertos" (n.473)

Amazonía es una realidad llena de vida, por sus riquezas naturales y por la riqueza de pueblos y culturas. Pero esta vida está amenazada por el proyecto de muerte, que se expresa en el modelo de desarrollo implementado por de las corporaciones transnacionales con su actitud depredadora y egoísta, muchas veces con el acuerdo, implícito o explicito, de los gobiernos nacionales.

El prevalecer de la vida o de la muerte en Amazonía significa el prevalecer de la vida o de la muerte para el entero Planeta y para toda la Humanidad.


II - REFLEXION BÍBLICO-TEOLÓGICA SOBRE LA REALIDAD DE LA AMAZONÍA:

El proyecto de Dios sobre la creación

Después de haber presentado la realidad de la Amazonía, son sus riquezas naturales y humanas y con todos los problemas que la amenazan, el documento de Aparecida presenta una reflexión bíblico - ­teológica sobre esta realidad bajo el título: "La Buena Nueva del Destino Universal de los Bienes y la Ecología":

"Con los pueblos originarios de América, alabamos al Señor que creó el universo como espacio para la vida y la convivencia de todos sus hijos e hijas, y nos lo dejó como signo de su bondad y de su belleza.

También la creación es manifestación del amor providente de Dios; nos ha sido entregada para que la cuidemos y la transformemos en fuente de vida digna para todos

Aunque hoy se ha generalizado una mayor valoración de la naturaleza, percibimos claramente de cuántas maneras el hombre amenaza y aún destruye su "hábitat

"Nuestra hermana la madre tierra" (como la llamaba San Francisco) es nuestra casa común y el lugar de la alianza de Dios con los seres humanos y con toda la creación.

Desatender las mutuas relaciones y el equilibrio que Dios mismo estableció entre las realidades creadas es una ofensa al Creador, un atentado contra la biodiversidad y, en definitiva, contra la vida.

El discípulo misionero, a quien Dios le encargó la creación, debe contemplarla, cuidarla y utilizarla, respetando siempre el orden que le dio el Creador" (n.125).

Añade el documento:

"La mejor forma d respetar la naturaleza es promover una ecología humana abierta a trascendencia que respetando la persona y la familia, los ambientes y las ciudades, sigua la indicación paulina de recapitular todas las cosas en Cristo y de alabar con Él al Padre (cf. I Cor.3 21-23),

El Señor ha entregado el mundo para todos, para los de las generaciones presentes y futuras. El destino universal de los bienes exige la solidaridad con las generaciones presentes y futuras, ya que los recursos son cada vez más limitados, su uso debe estar regulado según un principio de justicia distributiva respetando el desarrollo sostenible" (n.126).


III- ORIENTACIONES PASTORALES "SOBRE EL CUIDADO DE LA CREACIÓN"

Frente a la realidad de América Latina y el Caribe, y especialmente de la Amazonía. y a la luz del proyecto de Dios sobre la realidad, el documento de Aparecida ofrece "algunas propuestas y orientaciones":

a)” Evangelizar a nuestros pueblos para descubrir el don de la creación, sabiéndola contemplar y cuidar como casa de todos los seres vivos y matriz de la vida del planeta, a fin de ejercitar responsablemente el señorío humano sobre la tierra y los recursos, para que pueda rendir todos los frutos en su destinación universal, educando para un estilo de vida de sobriedad y austeridad solidarias.

b) Profundizar la presencia pastoral en las poblaciones más frágiles y amenazadas por el desarrollo depredatorio, y apoyarlas en sus esfuerzos para lograr una equitativa distribución de la tierra, del agua y de los espacios urbanos.

c) Buscar un modelo de desarrollo alternativo (recordando las palabras de Pablo VI en la Populorum progressio: "(El verdadero desarrollo) es el paso, para todos y para cada uno, de unas condiciones de vida menos humanas a condiciones más humanas"), integral y solidario, basado en una ética que incluya la responsabilidad por una auténtica ecología natural y humana, que se fundamenta en el Evangelio de la justicia, de la solidaridad y el destino universal de los bienes, y que supere la lógica utilitarista e individualista, que no somete a criterios éticos los poderes económicos y tecnológicos. Por 10 tanto, alentar a nuestros campesinos a que se organicen de tal manera que puedan lograr su justo reclamo.

d) Empeñar nuestros esfuerzos en la promulgación de políticas públicas y participaciones ciudadanas que garanticen la protección, conservación y restauración de la naturaleza.

e) Determinar medidas de monitoreo y control social sobre la aplicación en los Países de los estándares ambientales internacionales" (n.474)

Finalmente el documento de Aparecida ofrece unas orientaciones pastorales específicas para Amazonía:

"Crear conciencia en las Américas sobre la importancia de la Amazonía para toda la humanidad; establecer, entre las iglesias locales de diversos países suramericanos, que están en la cuenca amazónica, una pastoral de conjunto con prioridades diferenciadas para crear un modelo de desarrollo que privilegie a los pobres y sirva al bien común; a poyar, con los recursos humanos y financieros necesarios, a la iglesia que vive en la Amazonía para que siga proclamando el evangelio de la vida y desarrolle su trabajo pastoral en la formación de laicos y sacerdotes a través de seminarios, cursos, intercambios visitas a las comunidades y material educativo" (n.475)


Conclusión

La opción por el "cuidado de la creación", y específicamente por el cuidado de la Amazonía, que el documento de Aparecida nos propone, es un compromiso para toda la Iglesia, y todas los misioneros evangelizadores que ha asumido la responsabilidad del acompañamiento a los pueblos, indígenas y colonos, que viven en tierra amazónica.

sábado, 21 de abril de 2012

AMAZONIA CONTINENTAL

Por: Joaquín García - CETA
 
I.         ¿QUÉ ES LA AMAZONÍA?

Pudiéramos preguntarnos, ¿qué es la Amazonía? Se han producido constantes falacias que se pueden resumir en siete:




1.                  La Homogeneidad

Se suele creer que la Amazonía es un solo manto verde y uniforme. Pero la Amazonía contiene una inmensa diversidad tanto natural como cultural, política y social. Existe, pues, una heterogeneidad de:
·         climas;
·         formaciones geológicas;
·         altitudes sobre el nivel del mar;
·         paisajes;
·         tipos de suelo;
·         formaciones vegetales y biodiversidad.

2.                  El vacío Amazónico
   “La última frontera de la humanidad”. Y se piensa que es un inmenso espacio vacío a ocuparse. Esta visión es común no solamente en los países extrarregionales sino en los mismos países amazónicos. La ocupación humana de la Amazonía ha comenzado hace más de 20.000 años. Solamente los pueblos indígenas se calcula que hay más de un millón. Hoy la población alcanza los 21.000.000 de habitantes.

3.         Riqueza y pobreza
  La exuberante vegetación ha hecho comprender que el suelo es rico, que los bosques de trópico húmedo son una suerte de paraíso terrenal. Aun hoy se habla de las “ubérrimas tierras de la Amazonía” que constituyen un “emporio” de riqueza.
-       Cuatro siglos de población y cinco décadas de grandes proyectos de desarrollo agrícola, esfuerzos de colonización de inversiones externas, han ido al fracaso. Se han talado alrededor de un millón de hectáreas de bosques para transformarlos en pastos y tierras de cultivo, con el traslado masivo de colonos.
-       Recientemente se ha comenzado a dar valor a la verdadera potencialidad de la biodiversidad de los ecosistemas: flora, fauna y germoplasma nativo.
-      Otros mantienen la tesis de que los territorios amazónicos son pobres y que por lo tanto no merecen la pena ser utilizados. Sin embargo los últimos años nos han demostrado que existen una cantidad grande de minerales: petróleo, gas, oro, uranio, aluminio.

4.         El “pulmón de la tierra”
   Quienes pretenden producir efectos más impactantes recurren a la falacia de que la Amazonía estaría produciendo el 80% del oxígeno que necesita el mundo. En realidad el bosque maduro tiene un balance casi perfecto entre la producción de oxígeno y la fijación del CO2. Durante el día el bosque fija por fotosíntesis en promedio de 2,8 kg de carbono/ha/hora, mientras una cantidad semejante sería consumida a través de la respiración de la biota del suelo.

5.         El indígena freno para el desarrollo
   El planteamiento de esta falacia estaría sustentado sobre el hecho de que los pueblos indígenas tienen demasiadas tierras y no aportan al desarrollo del país. El plan de los estados es el de “civilizar” a los pueblos “salvajes” y no comprenderlos desde su propia diferencia, desde su condición de otros. Los colonizadores de cualquier especie han agredido a los indígenas con el fin de civilizarlos, esclavizarlos, o quitarles sus tierras y recursos. Muchos grupos indígenas han desaparecido.

6.         La Amazonía solución a los problemas periféricos
   Desde siempre, pero en forma creciente a partir de la conclusión de la II Guerra Mundial, la Amazonía ha sido objeto de un intenso proceso de colonización cuyo propósito fue expandir la frontera agrícola y ocupar su “hinterland”. Podemos decir en general que el balance de extensión agraria durante los últimos cincuenta años ha causado trastoques en la población y en los ecosistemas en condiciones de no poder recuperar los bosques talados.

7.         Internacionalización de La Amazonía
   Desde su independencia los países amazónicos han tenido que asumir la defensa de sus territorios frente a las fuerzas de presión de los estados considerados más avanzados. La verdad es que no ha sido aún directamente planteada en ningún país o sistema jurídico del mundo.

 

 

II.        MUCHAS AMAZONÍAS

   Lo que sí es claro es que no se trata de una unidad homogénea y que constituye un archipiélago de ecosistemas que proceden de distinto origen geológico y que, por lo tanto, tienen diversidad de producción forestal y diversidad zoológica, a los cuales corresponden diversidad de mecanismos de adaptación y de estructuración cultural.
            Se calcula que hay en la cuenca un total de 7.000.000 km2. Es la cuenca de trópico húmedo más extensa de la Tierra. El río Amazonas tiene una extensión total en el eje Amazonas, Ucayali alcanza los 6.762 kms de longitud, mientras el Nilo llega a los 6.671 kms. Tiene cerca de un millar de tributarios principales que drenan hacia el Amazonas, desde los macizos montañosos de los Andes.

1.                  La Amazonía como cuenca
   El Amazonas es el río más caudaloso de la Tierra. En Obidos su descarga media es de 100.000 m3 por segundo. La descarga final en el Atlántico es de 200 a 220.000 por m3. En esta misma surge la llamada “pororoca” que se deja sentir hasta 500 kms más arriba. La descarga en el mar equivale al 15,47 del agua dulce que va a los mares.

2.                  Heterogeneidad física de La Amazonía
    Los ríos amazónicos son variados en sus condiciones físico-químicas y biológicas: blancos, negros y cristalinos. Los lagos son el resultado del cambio del curso de los ríos. La Amazonía constituye una de las reservas de agua dulce más importantes del planeta.

3.                  La Biodiversidad
   Es la variación genética que ocurre en la naturaleza y que puede ser observada en tres niveles: genes, especies y ecosistemas. Esta diversidad biológica es una de las características más conspicuas de la Amazonía.
    Entre 5 y 30 millones de especies. De éstas solamente están descritas 1,4 millones de especies entre las que 750 son insectos, 40.000 vertebrados, 250.000 plantas y 360 de la microbiota. La visión es asombrosamente heterogénea, a pesar de que aparentemente sea un manto verde.

4.                  Diversidad Socioeconómica y Política
  A toda la diversidad anterior hay que agregar las diferencias sociales y culturales. Existen 379 pueblos aborígenes que han ido evolucionando hacia sus patrones de cultura:
·         diversidad de lenguas, de culturas;
·         otros pueblos de la periferia que han estado próximos a ellos y cuyas lenguas han tenido un importante influjo sobre las mismas;
·         existen otros conjuntos que han ido llegando en los últimos siglos bajo distintos modos y circunstancias. De estos algunos se han adaptado y otros están en proceso de adaptación a las condiciones de la Región.

5.         Los grandes problemas de la Amazonía Continental

5.1.     La deforestación y la contaminación
·         Deforestación de grandes extensiones por la presión de la población del bosque desde el Oriente y el Occidente.
·         Contaminación de los ríos por efecto de:
a)      extracción del oro, y contaminación de mercurio;
b)      contaminación de las aguas de formación del petróleo;
c)      aguas servidas de las ciudades;
d)     contaminación de los insumos para la elaboración de la PBC.

5.2.            Un proceso de urbanización irreversible
·         De los mas 21 millones de habitantes, cerca de un 70% viven en las ciudades (Belem, Manaus, Santarem, Tefé, Tabatinga, Leticia, Benjamín Constant, Iquitos, Pucallpa, Tarapoto, Yurimaguas, etc.).
·         Desadaptación a nuevas formas de vida, pero al mismo tiempo desocupación de mano de obra.
·         Impacto sobre las poblaciones aborígenes en procesos de profunda transformación cultural. Agricultores, campesinos o colonos.
·         Pobladores urbanos: las ciudades han crecido hasta en 50 veces lo que eran hace cincuenta o sesenta años.
·         Buscadores de oro, “garimpeiros” en Brasil, buscan el nuevo El Dorado.
·         Otros: científicos, estudiantes de universidades exteriores, proselitismo religioso (hermanos da Cruz e Israelitas del Nuevo Pacto Universal), cooperantes de agencias bilaterales y multilaterales y privadas.
·         El reto de la informalidad, y afrontar el problema de la pobreza.

6.    Guías para una salida
·         Partir del desarrollo endógeno, inductivo.
·         Vincularse a las propias raíces: memoria del pasado, memoria del presente y memoria del futuro.
·         Investigación en ciencia y tecnología.
·         Participación de la ciudadanía: indígena, blanca o mestiza. Interculturalidad científica y tecnológica y participación.
·         Una civilización moderna de la biomasa, basada en el uso sostenible de los recursos naturales y en el papel macro-regulador de climas y regímenes hídricos.
·         Papel de la Amazonía en el desarrollo sostenible de los países.
·         Responsabilidad compartida con los demás países amazónicos la Amazonía Continental (los conflictos sociales en la triple frontera y una pastoral adecuada para ellos...). ¿Fortalecer el Eje IIRSA Atlántico-Pacífico?


SUPERFICIE TOTAL Y POR PAISES DE LA CUENCA AMAZONICA

PAIS

CUENCA KM2.
% NACIONAL
POBLACION
·         PAISES DE LA CUENCA HIDROGRAFICA
 
 
BOLIVIA
BRASIL
COLOMBIA
ECUADOR
GUYANA
PERU
 
824.000
4.982.000
406.000
123.000
5.870
956.751
 
75,00
58,50
36,00
45,00
2,73
74,44
 
344.000
17.000.000
450.000
410.000
798.000
2.400.000
 
·         PAISES DE DOMINIO AMAZONICO

 
SURINAME
GUYANA FRANCESA

TOTAL
142.800
91.000

7.584.421
100,00
100,00

------
352.000
90.000

21.853.000
FUENTE: www.celam.org/documentacion/147.doc